Está
em curso uma “revolução colorida” na Geórgia, com os processos
habituais de captar e formar potenciais lideres carismáticos e
grupos ativistas seduzidos pelas políticas do globalismo neoliberal
lideradas pelos EUA. Todos os países têm problemas, a começar
pelos próprios EUA, o processo toma um como tema exacerba-o ao
limite, transforma-o em escândalo, e com a ajuda dos media e redes
sociais controladas faz as pessoas perderem a memória histórica e
os próprios contextos, na absoluta deturpação da realidade.
A
Geórgia tem fronteiras com a Rússia, será que estes artífices do
caos imaginam as consequências do país se ligar à NATO?
O
jornalista Brian
Berletic escreve, que os Estados Unidos têm invadido e
ocupado neste século XXI, várias nações: da Líbia ao
Afeganistão, da Jugoslávia ao Iraque. Para além desta abordagem
mais destrutiva, também interferiram nos assuntos políticos
internos de outras nações, tentando derrubar governos eleitos e
instalar regimes clientes em seu lugar.
Num
artigo
do
Guardian de 2004:
“Campanha dos EUA por trás da turbulência em Kiev”, “a
campanha
é uma criação americana, um exercício sofisticado e
brilhantemente concebido que, em quatro países em quatro anos, tem
sido usado para tentar salvar eleições fraudulentas e derrubar
regimes desagradáveis. Financiado
e organizado pelo governo dos EUA,
mobiliza consultores, diplomatas e ONG
dos EUA. A
campanha foi usada em Belgrado, em 2000, para derrotar Milosevic nas
urnas. Richard Miles, embaixador dos EUA, desempenhou um papel
fundamental. Em
2003,
como embaixador na
Geórgia, treinou
Mikhail Saakashvili para
derrubar Shevardnadze. Michael Kozak, um veterano de operações
semelhantes na América Central, nomeadamente na Nicarágua,
organizou uma campanha quase idêntica para tentar derrotar o homem
forte
da Bielorrússia, Lukashenko”
Segundo
o artigo, o governo dos EUA consegue isto através de fundos
distribuídos pelas muitas subsidiárias do National Endowment for
Democracy (NED), incluindo o Instituto Republicano Internacional
(IRI), o Instituto Democrático Nacional (NDI), a Freedom House e
Fundações privadas, como a Open Society Foundation de George Soros.
O
Ocidente possui algumas das leis mais rigorosas que regulam a
interferência estrangeira. Os Estados Unidos mantêm a Lei de
Registo de Agentes Estrangeiros, de 1938, exigindo que as
organizações com financiamento estrangeiro se registem junto do
governo dos EUA e divulguem o seu financiamento ou enfrentem
penalidades severas, incluindo longas penas de prisão.
Não
é surpresa que outras nações tenham adotado legislação
semelhante. Afinal de contas, a independência política de uma nação
é garantida pela Carta das Nações Unidas, tal como o direito de
uma nação defendê-la.
Nações
que não conseguiram aprovar tal legislação viram-se esmagadas por
organizações e grupos de oposição financiados pelos EUA e pela
UE/NATO, capazes de impulsionar temas e legislação adequadas aos
interesses ocidentais, interferindo
intensamente
nos assuntos políticos internos bem como minar a integridade das
instituições incluindo o sistema jurídico e educativo.
A
Geórgia procura
aprovar uma lei sobre interferência estrangeira (aliás
já aprovada na generalidade no Parlamento).
A
CNN num artigo
afirma:
“A Geórgia prossegue com uma lei de ‘agente estrangeiro’ ao
estilo de Putin, apesar dos enormes protestos”, confundindo
o desejo legítimo da Geórgia de erradicar a interferência
estrangeira ligando-a
a
interferência russa. Em nenhum lugar é mencionado que estes
“enormes protestos” são liderados por figuras da oposição
financiadas pelo governo dos EUA. O artigo afirma que a lei da
Geórgia reflete a lei da Rússia, não salientando que ambas
refletem
a lei
aplicada nos EUA!
A
Eurasianet
afirma num
artigo
tenta
mostrar
que
o projeto
de lei da Geórgia é diferente da Lei dos EUA: “Uma
diferença crucial é que não exige o registo simplesmente por
motivos de financiamento estrangeiro. É
preciso ser agente de um mandante estrangeiro, inclusive se alguém
agir sob a direção e controle de um governo estrangeiro” “ lei
da Geórgia afetará principalmente
a
vibrante
sociedade civil do país, que os doadores têm alimentado durante
décadas.”
Ou
seja, a
“sociedade
civil” que
o
governo dos EUA e outros financiam
estão
envolvidos
na mudança de regime, equivalendo a interferência estrangeira na
própria definição dos EUA. A
Eurasianet
foi
fundada
pelo
governo dos EUA através do NED.
A
grande maioria dos grupos de oposição na Geórgia e os media fora
da Geórgia opõem-se à lei do agente estrangeiro da Geórgia, não
porque esta invada a liberdade e a democracia reais, mas precisamente
porque criará um obstáculo significativo à interferência dos EUA.
Embora a Eurasianet, Thai PBS e Fortify Rights tentem apresentar
leis que se
opõem
a interferência estrangeira como uma ameaça à “democracia”,
aos “direitos humanos”, a
capacidade de uma nação determinar as suas políticas, sem
interferência externa, é uma importante condição
dos direitos humanos. O fundamento da verdadeira liberdade é a
autodeterminação.